Segundo especialistas, os pais devem entender que as crianças, principalmente as menores, necessitam de espaço para dissipar sua energia. “Reservar um quarto na casa para a criança brincar da maneira como quiser, ou, se os pais tiverem condições, mudar para um prédio que ofereça área de lazer, são opções que fazem bem à criança e evitam grandes bagunças em casa”, sugere a psicóloga clínica Ana Cássia Maturano. A diretora da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto, alerta para o fato de que a atividade física libera a tensão das crianças. “Para se desenvolverem mental e fisicamente, os pequenos necessitam de espaço para correr e material adequado para brincar”, diz.
Do apartamento para casa
A psicóloga Luciana Acayaba conta que a ideia de ter mais espaço se deu por conta da filha, Ana Luisa Acayaba Jaroslavsky, de 7 anos, que na época tinha 2 anos. “Ela não era de se arriscar. Não gostava de correr. Sempre me perguntava porque não podia chamar os amigos para ir brincar em casa, e não tínhamos espaço para um animal de estimação. Sair de um apartamento para uma casa foi pensando no desenvolvimento dela, e deu supercerto”, diz.
Ainda de acordo com Luciana, o ganho de espaço fez muito bem para Ana Luisa. “Ela ficou uma criança mais calma, teve uma mudança física e emocional. Passou a brincar. Sua coordenação motora melhorou. Foi muito bom. Ela passou a convidar os amigos para vir em casa. Quase todos os dias recebíamos vários amiguinhos dela, e as mães dos amigos sempre vinham junto. No fim, foi bom pra ela e pra mim, que ganhei espaço para minha filha brincar à vontade e, de quebra, fiz novas amizades”, relembra.
Hoje, aos 7 anos, Ana Luisa continua aproveitando o espaço que sua casa tem. Recentemente, uma piscina foi instalada no quintal. “Se deixar, ela fica o dia todo brincando no quintal. Hoje, é possível ver que tomamos a decisão certa em sair de um apartamento para uma casa. Ter espaço foi fundamental para o crescimento da minha filha”, explica Luciana.
‘Deixo minha filha brincar sem restrições’
Mãe de primeira viagem, a jornalista Juliana Vitoretti se orgulha ao dizer que sua filha, Maísa, de 1 ano, andou aos 9 meses graças ao espaço que tem em casa para se desenvolver. “Às vezes, acho minha filha precoce demais comparada a outras crianças da mesma idade. Ela andou aos 9 meses e acredito que isso se deve ao espaço de que temos em casa, e à liberdade que ela tem para se arriscar. Vejo o quanto isso ajuda no desenvolvimento dela.
Ela pode brincar até se cansar, se sujar, ter contato com o mundo. Não proíbo nada. Desde que nasceu, ela convive com os nossos cachorros, e isso nunca fez mal para ela. Deixo ser criança sem restrição.” De acordo com a psicóloga Carolina Câmara, quem tem criança deve saber que não vai ter aquela casa superarrumada por muito tempo. “A casa é dos moradores, eles têm de usufruir dela, a criança é um morador, logo, também deve usá-la. Lógico que ela precisa aprender a usar a casa de modo organizado e a respeitar os espaços comuns, porém, é com o tempo e, para isso, é necessário o contato, a exploração do ambiente”, diz. Para a psicóloga clínica Ana Cássia Maturano, os pais devem ter consciência de que, a partir do momento em que se tem uma criança em casa, deve-se faver certas concessões. É preciso estimular a criança a brincar - mas em momento algum isso quer dizer deixar os filhos “destruírem” a casa.
Pierre Duarte
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Se deixar, Ana Luísa, de 7 anos, brinca o dia inteirinho Não é só espaço
A psicóloga Carolina Câmara dá um alerta aos pais. A falta de tempo também pode ser prejudicial. “Brincar requer ficar livre de tudo. É nesse momento de 'calma' que a criança cria brincadeiras sem influência dos adultos. Isso é muito importante, assim como quando a brincadeira pede a presença dos pais, como pique esconde. Os pais precisam daí estar disponíveis para participar”, explica.
A favor do crescimento saudável
As crianças criadas em apartamentos pequenos acabam ficando muito tempo em frente ao computador, e isso acaba prejudicando seu desenvolvimento social, porque ela não brinca com outras crianças. Essa condição também prejudica aspectos ligados à questão da saúde (entra aí a obesidade), causadas pela falta de exercício físico.
“Antigamente, a criança brincava na rua, jogava bola , corria de patinete, fazia todas essas atividades que são favoráveis ao seu desenvolvimento, só que hoje em dia isso é inviável, devido a uma série de fatores que acontecem na cidade, como o trânsito e a violência”, reforça Bernardete Sanchez Malatesta, psicóloga do Colégio Paralelo, em São Paulo.
Ainda de acordo com a especialista, existe uma diferença no desenvolvimento das crianças de hoje para as de antigamente. “A criança de hoje faz uso constante da tecnologia, o que não dá a ela muito espaço para criatividade. Antigamente, um pedaço de pau virava uma espada de super-herói, ou qualquer outra coisa, a criança fantasiava mais, hoje em dia, com a tecnologia, tudo vem pronto para ela, muitas vezes a criança fica olhando o que o brinquedo faz e não brinca”, alerta.
Os pais devem pensar sempre na qualidade de vida de seus filhos. Ter acesso à tecnologia é importante, mas não é fundamental. A criança precisa ser criança em tempo integral, se divertir, brincar, pular, gastar energias, se desenvolver, viver a infância, que, de acordo com os especialistas, é a fase mais importante da vida de todo ser humano. Por isso, o essencial é entender que a criança precisa de tempo, espaço e de simplicidade para ser feliz.
Fonte: Diário Web
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