sábado, 3 de junho de 2017

A Importância do Brincar: entrevista com Nylse Helena criadora da brinquedoteca

"Uma vez por mês conversamos com um especialista em desenvolvimento infantil para falar sobre o tema a importância do brincar em seus mais diversos aspectos. Vale à pena conferir as outras entrevistas porque elas trazem muitas informações importantes sobre a brincadeira e como ela é fundamental para o desenvolvimento das crianças.  Vamos à conversa de hoje que foi incrível!

Nosso papo foi com Nylse Helena Silva Cunha, uma mulher muito especial, pedagoga, que revolucionou a história da brincadeira no Brasil quando criou, em 1981, o primeiro espaço de brincar que se tem notícia. E o nome que ela deu ao local se tornou referência para “Recinto reservado à colocação de brinquedos, geralmente montado em escolas, instituições e magazines”, conforme o Dicionário Michaelis. Nylse criou o termo brinquedoteca.

Então, nada mais natural que a gente fosse conversar com ela sobre espaços de brincar. Aliás, uma boa brincadeira depende de tempo, de material e de lugar para acontecer. E a especialista de cara já afirma que “quem sabe da importância de brincar e quer promover a brincadeira vai naturalmente criar um espaço para que ela aconteça”.

Nylse começou sua carreira na área de Educação Especial na Sociedade Pestalozzi e foi coordenadora do setor de Recursos Pedagógicos da APAE – SP, onde criou a Brinquedoteca Terapêutica. De lá para cá, ela escreveu 8 livros na área de educação, especialmente sobre recursos pedagógicos e ajudou na fundação da Associação Brasileira de Brinquedotecas. Atualmente, além de presidir o Instituto Indianópolis, uma escola de educação especial para Deficientes Intelectuais e Autistas, ministra cursos por todo o território nacional.

Com toda esta história, ela lamenta que ainda hoje existam crianças que nascem curiosas, mas são tolhidas em sua necessidade de descoberta desde bebês e chegam à escola sem vontade de descobrir e conhecer mais nada. E o responsável por isso, Nylse aponta, é o mundo de “nãos” que a criança vive em casa por falta de um ambiente pensado para ela.

“Temos que favorecer e soltar a criança para suas descobertas nos ambientes onde se encontra. Mexer no que tem vontade, com bom senso”, afirma. “A importância da descoberta é algo muitas vezes menosprezado pelos pais e cuidadores”. Nylse explica que temos que entender quando uma criança pega um brinquedo ou objeto, por exemplo, e em seguida lança fora e procura outro. “Ela descobriu, satisfez a necessidade inicial e parte para nova descoberta. O que não significa que ela não gostou do brinquedo ou objeto”. Para a especialista, um local onde há crianças precisa estar preparado para ser “permissivo” em certo ponto. Em outras palavras, lugares em que a criança receba um “sim” para a exploração do ambiente. “Não tenha medo que as crianças vivam. Não roube a vivência das crianças, logicamente com bom senso. A variedade de experiências é muito importante”, aconselha Nylse a todas nós.

As brinquedotecas atuais

De 1981, data da primeira brinquedoteca, até hoje muita coisa evoluiu nos espaços de brincar. Nylse tem sua análise sobre isso.



E sabe o que mais a especialista fez questão de dizer? Que a brinquedoteca é muito boa para nós adultos também. Quantos não tivemos oportunidade de brincar em locais ou com brinquedos que existem hoje em dia para as crianças? Você nunca quis entrar num “brinquedão”? Ah! Eu já. Como também aproveitei alguns brinquedos que existem em parques e praças diferentes da minha época de criança.

A brinquedoteca tem alguns aspectos que são importantes para seja funcional e eficiente. E isso não inclui necessariamente que ela siga uma ou outra filosofia educacional (como Montessori, Waldorf, Reggio). Olha só este vídeo.




Ufa! Ainda bem, não é? Afinal, a gente quer é ter um espaço em casa para que as crianças possam ter vez.

Último recado da especialista para a gente: observar o valor que a criança percebe nos espaços de brincar e nos brinquedos. Acho que muitos de nós passamos pela experiência de ver um brinquedo “altamente elabrado” ser deixado de lado por uma garrafa ou um punhado de gravetos. E é isso mesmo. “Quando você deixa o seu valor (de adulto) e percebe o da criança para um brinquedo, você pode entender melhor que momento de descoberta ela está.”"

Fonte: Blog Tempo Junto


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